Falta de chuva ameaça início do cultivo de grãos na safra de verão
A ameaça de um possível atraso do plantio de grãos nos Estados
Unidos, apontada como oportunidade para que a produção agrícola do
Brasil conquistasse parcela maior do mercado mundial, agora assusta os
produtores brasileiros. O temor de falta de chuva tem se confirmado nas
regiões produtoras do país e, com ele, a definição de um novo calendário
para plantação e colheita das principais commodities.
No último boletim divulgado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia
Agropecuária (Imea), os pesquisadores destacaram a grande preocupação
dos produtores com a previsão de chuva para os próximos dias. As
informações meteorológicas não sinalizam um cenário otimista. Pelas
projeções trimestrais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), a frequência de chuva só deve ocorrer na segunda quinzena de
outubro. Ainda assim, os mapas de clima e tempo mostram que a chuva
estará concentrada na Região Sul, com ocorrência acima da média e, no
caso da Região Norte, abaixo do esperado. "Os produtores precisam manter
a atenção nos próximos meses por conta do possível estabelecimento do
[fenômeno climático] El Niño. É fundamental para a agricultura,
sobretudo para o sul do País. O que pode ocorrer é o fenômeno El Niño se
estabelecer no [Oceano] Pacífico em setembro e outubro e o impacto
desse fenômeno demora um tempo a aparecer. Isso vai fazer com que, mais
para o fim do ano, chova mais no sul e menos no norte do País. No Brasil
central, não há como dizer se vai causar impacto", explicou Ester
Regina Ito, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos (Cptec), vinculado ao Inpe.
A incerteza não predomina nas projeções do Imea. De acordo com o
instituto, no Mato Grosso até o próximo dia 20 de setembro não existe
possibilidade de chuva. Os pesquisadores destacam estimativas mais
otimistas no caso dos Municípios de Campo Novo do Parecis, Rondonópolis e
Sinop, mas admitem que "nenhum volume significativo para que ocorra a
colheita foi visto até o fim de setembro. Caso se confirme, transfere o
início do plantio de Mato Grosso para outubro".
O adiamento pode ter impacto na produtividade de soja e milho
mato-grossense. Os cálculos da Associação de Produtores de Soja e Milho
do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) mostram que a média de produtividade
do estado tem se mantido em torno de 50 sacas por hectare, como ocorreu
na última safra (2011/2012), quando a produção do estado chegou a 21,3
milhões de toneladas de grãos. A expectativa era de que, para a safra
2012/2013, a produtividade chegasse a 51 sacas por hectare,
principalmente em função do aumento da área plantada.
Fonte: Faep
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